"E foi assim que aconteceu... cada um ensinava uma brincadeira ou atividade e todos aprendiam... daí vinha outro e ensinava outra...  foi incrível!!"

Aconteceu no final de maio, em São Paulo, a 17a edição do Encontro de Recreadores.  Veja como foi.

O Encontro de Recreadores surgiu em 2015 de maneira absolutamente espontânea e despretensiosa...  um grupo de profissionais estava precisando treinar e contratar recreadores e animadores para um espaço que recebia muitos grupos de crianças diariamente, para programas monitorados.  Eles não conseguiam encontrar recreadores e animadores já treinados, já conhecedores de muitos jogos, brincadeiras e rodas cantadas!  Também não possuíam uma equipe de formadores, que poderiam pegar estes jovens sem experiência e formá-los como animadores ou recreadores!

Decidem assim se unir no parque do Ibirapuera em São Paulo e propor uma prática de troca de experiências. Caramelo e Morango encabeçavam esta ideia. Divulgaram em suas redes de amigos esta possibilidade de aprender novas atividades e de serem possivelmente contratados para atuar naquele espaço que comentamos, e assim conseguiram juntar algumas pessoas.  A proposta era: 

"Cada um sabe pelo menos uma canção, um jogo, uma brincadeira...  assim, cada um que vem, ensina sua atividade para os demais, e então aprende 20 ou 30 outras atividades..."


E assim aconteceu... o grupo se uniu, todos trouxeram a sua mais nova atividade, a que causaria o maior impacto nos demais participantes, no sentido de "olha só aquele recreador, ele é muito bom, sabe jogos novos, que eu náo conhecia!"  Isto mexia com o ego dos recreadores mais antigos.  Era bom se sentir especial.

A primeira experiência foi tão positiva que já foi marcado uma segunda data, cerca de três meses depois.

Como a área de recreação é pequena e quase todo mundo que já atua há algum tempo acaba se conhecendo, se encontrando em uma festa, hotel ou acampamento, a ideia cresceu e mais e mais pessoas se interessaram por aquele encontro no parque.

Os monitores mais experientes começaram também ter vontade de ir, não para aprender atividades, mas para ensinar e ser visto pelos demais, como uma forma de obter visibilidade profissional.

O segundo encontro também foi um sucesso, muitas trocas, muitos aprendizados... parecia mesmo que aquele era um bom modelo.  As pessoas se reuniam em um espaço público, aprendiam atividades que lhes proporcionava um crescimento profissional, levavam um lanche e faziam um piquenique...  e neste momento de reunião, enquanto comiam e trocavam quitutes e bebidas com seus parceiros, também conversavam sobre seus ambientes de trabalho e trocavam contatos, recomendações de jobs, vagas e muitas outras informações interessantes.  Ali iniciava-se um celeiro de novos talentos.

E assim continuou ocorrendo, uma terceira, quarta edição ocorreram, com aumento progressivo no número de participantes...

Até que um dia a Caramelo, umas das idealizadoras desta encontro, decidiu, para incrementar esta atividade, convidar alguns palestrantes, para realmente ensinarem àquelas pessoas que ali se encontravam novas brincadeiras e jogos, novas atividades, assim como conceitos importantes.  Ela queria falar sobre inclusão, sobre postura profissional, sobre outros temas importantes para recreadores que estão iniciando na área, assim como para os experientes.   

Resultado:  esvaziamento total de evento...

Tomando um caminho totalmente oposto ao que vinha ocorrendo, de aumento no número de participantes a cada encontro, o evento recebeu menos de dez participantes.  E olha que os palestrantes eram bem conhecidos e referências na área...

Uma luz se acendeu...  os recreadores não se unem para aprender atividades... o grande ponto daquele encontro era a possibilidade de ensinar, de apresentar a SUA brincadeira, a possibilidade de 1 minuto de fama.  Os participantes não queria palestrantes experientes, queriam eles mesmos serem os palestrantes.  ok, mensagem assimilada.

Assim o próximo encontro, que então já recebia o nome de "Encontro dos Recreadores no Ibirapuera" voltou ao seu formato inicial e voltou a receber seu público crescente.

O público era flutuante.  Alguns profissionais apenas passavam, davam suas contribuições e iam embora.  Mas alguns participavam de todo o encontro e saiam realmente com um excelente arsenal de atividades novas, sem falar nos muitos contatos de trabalho.  Realmente muitos recreadores conseguiram seus primeiros trabalhos graças ao Encontro de Recreadores... e o que é melhor... quando chegavam para realizar este primeiro trabalho, estavam minimamente preparados, entendiam um pouco de postura, de como explicar e mediar brincadeiras e jogos, sabiam muitas rodas cantadas e atividades para propor.   Definitivamente o modelo estava funcionando bem!

"E então surgiu o 'Momento Único', que era uma atividade dentro do Encontro de Recreadores que servia para a troca de informações entre os Empresários do segmento de recreação, lazer, animação e entretenimento."

Durante o 17o Encontro de Recreadores, ocorreu um "encontro" de empresário, que tiveram a oportunidade de trocar ideias, dicas, experiências, processos...


Enquanto o Encontro de Recreadores do Ibirapuera crescia, ocorria em outros espaços de São Paulo um outro tipo de "encontro".

Vários gestores de empresas do segmento de Recreação e Lazer começaram a se reunir, com a intenção de trocar experiência, estratégias, ferramentas, ideias, etc... com o intuito de crescerem coletivamente, se fortalecerem como empresários e ao mesmo tempo fortalecerem a área de trabalho.

Logo nos primeiros encontros alguns elementos foram identificados como pontos de atenção, que exigiam algumas ações por parte destes empresários, para possibilitar o crescimento e desenvolvimento da recreação e animação como áreas profissionais:

- A área é pouco conhecida pelo público final.  Pais, familiares, escolas, empresas, entendem pouco sobre a importância do brincar, do recrear, da animação sócio cultural, como elementos de desenvolvimento pessoal, para seus filhos, alunos, funcionários... 

- Justamente por ter estes benefícios pouco definidos e conhecidos, a área é pouco reconhecida no mercado o que gera uma baixa remuneração...  clientes acham caro os serviços oferecidos pois não entendem o real valor daquilo e assim analisam apenas o preço...

- Um problema que as empresas enfrentam é a baixa qualidade, baixa qualificação, formação deficiente dos animadores e recreadores que prestam serviços para elas.   Existem sim profissionais muito bons na área, mas são poucos e são compartilhados por muitas emprresas... assim, em dias de pico, como dia das crianças, férias escolares, entre outros, a briga para formar uma boa equipe de trabalho é grande...

Destas observações surgem algumas conclusões.

Um dos motivos da área ser desvalorizada é que existem muitos profissionais ruim, mal preparados, que "queimam" a área, realizando trabalhos ruins e cobrando valores muito baixos por seus serviços fracos.    A possibilidade seria que os clientes que têm contato com um profissional ruim acabam achando que a área como um todo é ruim e que não vale a pena contratar profissionais deste segmento para seus trabalhos.

Decide-se então criar uma ação para formação de novos profissionais.  O pensamento é que se colocamos muitos profissionais bons no mercado logo os ruins serão naturalmente eliminados e a área teria assim um momento de maior maturidade e consequente desenvolvimento.

Este grupo passa a se denominar CELLEIRO(Centro de Estudos do Lazer, Ludicidade, Eduação, Integração, Recreação e Ócio).  Várias reuniões de empresários começa a ocorrer de tempos e tempos.

Discute-se em várias reuniões como desenvolver estas estratégias para desenvolver o segmento profissional e melhorar o posicionamento deste no mercado.

Chegam à estas reuniões informações sobre o encontro que está ocorrendo no Ibirapuera.  Alguns integrantes do CELLEIRO começam a participar do encontro.  Convidam a Caramelo para fazer parte do CELLEIRO.  E então as ideias começam a se estruturar.   A proposta do encontro vem muito de encontro com as necessidades do centro de estudos...  eureka...

Algunss integrantes do Celleiro passam a fazer parte de uma comissão organizadora do encontro do Ibirapuera, que cresce e já não mais pode ocorrer no parque.   O encontro passa a ocorre em uma unidade do CÉU, em parceria com a prefeitura de São Paulo, mantendo a ideia de ocupar os espaços públicos.

O encontro do Ibirapuera passa a se chamar oficialmente "Encontro de Recreadores" perdendo a referência do parque...

O primeiro Encontro de Recreadores no CÉU já produz um grande salto no número de participantes.  Várias empresas, empresários, profissionais já estão ligados ao conceito do Encontro e querem contribuir com o crescimento do evento, uma vez que o evento é um ótimo celeiro de novos talentos.    

Gestores e coordenadores de equipes de animação e recreação de São Paulo começam a ir ao Encontro para "garimpar" novos talentos e contratá-los para seus eventos.  A concentração de empresários no Encontro começa a crescer.

Com a presença do grupo do Celleiro, e sua concepção de falar com empresários do segmento em um movimento de união e crescimento da área, surge um momento dentro do Encontro onde os empresários vão para um local em paralelo, enquanto as trocas de atividades continua ocorrendo para os animadores e recreadores, e neste espaço novo os empresários começam a desenvolver também um modelos de trocas de ideia e experiência sob o ponto de vista da gestão de suas empresas.  Miojo, PV e Paulão lideram esta inciativa e mediam estes primeiros encontros de empresários.   

O modelo também se mostra útil e interessante.  O nome dado é "Momento Único".  E este espaço de troca começa a fazer parte de todos os Encontros de Recreadores a partir de então...  e seguem até hoje, promovendo muito conhecimento e crescimento.

17a. Edição do Encontro de Recreadores